Considerada como um dos maiores avanços tecnológicos da atualidade, quando pensamos em arquitetura e engenharia, a construção civil com a plataforma BIM torna possível realizar uma edificação mediante modelos totalmente virtuais, em que estão contidas todas as informações disponíveis e necessárias, o que garante, no projeto, a construção eficiente e o ciclo de vida do edifício.
De fato, a grande maioria das pessoas acredita que o é apenas um software ou uma plataforma digital que desenvolve projetos de forma rápida. Entretanto, vai muito além disso.
O conceito BIM
De acordo com Eastman et al. (2014), o conceito de Building Information Modeling (BIM) não é tão recente. As primeiras aplicações datam de, pelo menos, 30 anos, quando o artigo escrito por Robert Aish, “Modelo de Construção”, foi publicado. Contudo, foi por meio de Laiserin, em 2002, que o BIM se popularizou.
Existem variados conceitos de BIM, porém são similares ou complementares. A visão de Chuck Eastman, professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados unidos e um dos pioneiros do conceito, diz que:
“BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores (AEC) na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera uma base de dados que contém tanto informações topológicas como os subsídios necessários para orçamento, cálculo energético e previsão de insumos e ações em todas as fases da construção” (Eastman, 2008).
Outra definição de BIM é a feita pela Building Smart, organização mundial de desenvolvedoras de tecnologia para o setor da construção. Para ela o Bim é:
“Representação digital das características físicas e funcionais de uma edificação, que permite integrar de forma sistêmica e transversal às várias fases do ciclo de vida de uma obra com o gerenciamento de todas as informações disponíveis em projeto, formando uma base confiável para decisões durante o seu ciclo de vida, definido como existente desde a primeira concepção até à demolição”.
Percebe-se que em ambas definições existem referências de BIM como representação ou modelo virtual. O BIM é, também, uma representação digital e deve possuir uma visão 3D, mas não é somente isso.
Afinal, como entender o BIM?
A fim de explicar de maneira fácil e rápida o que é o BIM, vejamos os conceitos de dimensão, os assim chamados projetos 2D, 3D, 4D, 5D, 6D e 7D. Os projetos 2D e 3D são realizados, respectivamente, em duas e três dimensões coordenadas. O plano horizontal e vertical, representado pelas coordenadas X e Y, e a coordenada Z, que, ao pensarmos em projetos de arquitetura e de engenharia, representa a profundidade.
A novidade aparece nos projetos 4D em diante. Neles é adicionado à gestão do tempo o cronograma da obra. Em 5D, temos adição do orçamento e do custo. Em 6D, temos a adição do aspecto do ciclo de vida do empreendimento ou da edificação e, por último, há os projetos 7D, que envolve a visão de sustentabilidade incorporada no processo do projeto.
Por meio do conceito BIM, temos a união de vários conceitos já existentes e muito utilizados na engenharia e na gestão de processos de projeto. O BIM permite que todas as disciplinas do projeto sejam realizadas de forma colaborativa e participativa e, assim, é feita uma gestão efetiva das informações dos projetos prontos. Quando um projeto é iniciado utilizando o BIM, ele já é criado compatibilizado, necessitando, assim, de um gerente ou de um coordenador. Aí está a grande diferença entre a utilização do sistema BIM e a utilização da forma tradicional de se projetar.
[avatar user=”maria.blatt” /] MARIA STÉLA BLATT – Engenheira Civil, especialização em desenvolvimento e gerenciamento de projetos em BIM (BIM Manager) e 7 anos de experiência em Qualidade de Obras Habitacionais.